quarta-feira, 24 de março de 2010

BarbAzul: selvagem com graça e guitarra

O teatro Belo Horizonte tem o dom dos bons duetos de atores (vide Vestido - Bandeira - Batom, aqui visto em 2008, entre outros). A boa nova a dois é BarbAzul, do grupo Andante, que recria com originalidade o Barba Azul, que o contista francês Charles Perrault inventou no século 17.

“Tudo certo como dois e dois são cinco”, a canção de Roberto e Erasmo Carlos, abre na voz de Ângela Mourão e na guitarra de Beto Militani. Encerrada a canção, o duo Ângela e Beto finge impregnar um ar classudo-chato à história (confesso que temi...) até que a atriz interrompe e sugere outra forma de contá-la, como a dizer "assim não vai!". Maravilha!

Pra quem chegou agora: a irmã caçula é cortejada por Barba Azul, cujo esporte é cortar a cabeça de suas mulheres. Não fique chocado. Há muita graça aqui. A melhor é narrá-la como uma fábula remota de florestas e castelos e mostrá-la como um filme atual: quando sedutor, jazz ao fundo, Barba oferece jantares e vestidos à mais uma que tardará a perceber que “dois e dois são cinco”.

Bons constrates partem dos objetos de cena, carregados pelos atores: a moldura que funciona como porta ou janela é também a forca. A enorme molho de chaves ao ser arrastado é a incômoda corrente. E, na última boa ideia, este BarbAzul deixa o final em aberto. As mulheres que respondam se ele ainda age na floresta.

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BarbAzul, do grupo Andante, foi apresentada nos dias 23 e 24 no Teatro Novelas Curitibanas.

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